Se você trabalha em ISP ou em qualquer operação que depende de infraestrutura crítica, já sabe: basta o dólar oscilar que o preço da sua segurança digital muda junto

Se você trabalha em ISP ou em qualquer operação que depende de infraestrutura crítica, já sabe: basta o dólar oscilar que o preço da sua segurança digital muda junto. E isso não é detalhe de planilha. É estrutural.

As soluções globais dolarizadas sufocam os provedores daqui. O que deveria ser uma decisão técnica, como “como proteger minha rede?”, acaba virando um dilema financeiro: até onde o câmbio vai me deixar proteger?

Em vez de falarmos sobre mitigação de DDoS, alta disponibilidade ou continuidade de negócio, passamos a discutir cotação, importação e limite de orçamento. É como se a fragilidade da moeda virasse fragilidade da infraestrutura.

E o resultado é conhecido por todos:

– ISP adiando investimento crítico.
– Empresa contratando só o mínimo viável.
– Dependência de fornecedor que nunca viveu a realidade de uma rede no Brasil.

Em um país que abriga a maior internet do mundo em número de ISPs, é curioso notar que só temos um único grande fabricante nacional de equipamentos de camada 2 e 3 (a Datacom) e um único de camada 1 (A Padtec). Todo o resto vem de fora, atrelado ao dólar.

Um roteador Huawei, por exemplo, que custava cerca de 60 mil reais, pode facilmente chegar a 90 mil em um momento de alta do dólar.

No fim, não é só sobre tecnologia. É sobre soberania digital.
Se o dólar dispara, não dá para a proteção contra ataques virar artigo de luxo.

Talvez seja hora de repensar esse modelo. De apostar em algo que fale a nossa língua, entenda a realidade da América Latina e não deixe a segurança das nossas redes refém da cotação.

Já passou por isso?

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